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Uma muda de qualidade

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Uma muda de lúpulo é sempre um clone de sua planta mãe. Desta forma, existem algumas maneiras de se clonar a planta mãe : por rizomas e por estaca.

Mudas de rizoma trazem plantas novas bem mais fortes e mais resistentes às intempéries de plantio. No entanto, modernamente, os viveiros no mundo todo estão utilizando quase que exclusivamente o processo de clonagem por estaquia, ou até microestaquia. Isso se dá, exclusivamente,  por questões fitossanitárias.

O lúpulo é alvo de diversas doenças, sejam fúngicas ou causadas por vírus / viróides. Tais doenças são exclusivistas (atacam apenas plantas da mesma família :canabaceas, ou mesmo apenas plantas da mesmo gênero: humulus, ou até exclusivo da mesma espécie: humuluslupulos) ; e sistêmicas.

Tendo em vista esse cenário fitossanitário, se mostra bastante interessante quando se analisa a disposição geográfica dos campos implantados no brasil o máximo rigor na produção de mudas. Existe um limite técnico de produção de mudas 100% livres de qualquer tipo de doença, mas todos os esforços são importanes:

- Controle de material genético inicial

- testes laboratoriais e clínicos para controle rotineiro

- barreiras múltiplas de biossegurança dentro do viveiro

- Rastreabilidade

- Rigor no uso de materiais

São alguns processos que minimizam os riscos para o viveiro, e permitem passar uma maior confiabilidade fitossanitária para o cliente.

Quanto maior o rigor fitossanitário, mais interessante para o produtor. Apesar de ser totalmente possível ter uma produção comercial com todas as doenças mapeadas no mundo. Basta a observação da simples constatação de existirem plantações comerciais no mundo todo economicamente viáveis apesar de estarem infectadas já com todas essas doenças sistêmicas.

Um ponta pé inicial no cultivo com mudas com maior status fitossanitário  pode representar uma economia na prática. Menor uso de defensivos, melhor possiblidade de cultivo orgânico, maior longevidade da planta. Além de abrir a possiblidade de alcançar um produto final de maior qualidade, uma vez que algumas dessas doenças comprometem potenciais de produção de alguns elementos do lúpulo de interesse comerciais.

Outro fator importante na avaliação da qualidade da muda é sua uniformidade. Um plantio de lúpulo é altamente adensado. São 2500-3000 plantas por hectare. Para um produtor é bastante interessante o padrão da muda. Um lote uniforme, padrão , vai entregar para o produtor uma condução da primeira safra também padrão.  Uma falta de padrão, dentro de um lote de mudas de uma mesma cultivar, não é interessante para o produtor. Tanto para manejo ( fertirrigação, treinamento, adequação de fotoperíodo), como para controle das etapas da safra.

Muito se dabete sobre a obtenção parcial de mudas, e a posterior reprodução dentro da fazenda para povoar o campo por inteiro. Essa é uma conta que precisa ser feita com atenção. Apesar de ser, a primeira visão, bastante interessante, precisa ser uma decisão consciente . Levantam-se alguns pontos de atenção:

  1. Precisa-se levar em consideração qual o grau de desuniformidade que isso vai imprimir na 2ª safra. No fundo , na segunda safra teremos um campo com plantas de 2º ciclo, e outras de 1ºciclo.
  2.  Resultados de 1ª safra tem se mostrado bastante interessante no Brasil, e esse lúpulo, apesar de não ter alcançado seu auge de qualidade, possui um valor comercial. O quanto deixa de ganhar com a colheita dessas plantas não cobririam o valor das mudas iniciais?
  3. Mudas de lúpulo são realmente fáceis de se alcançar êxito, no entanto exigem tratos culturais diferentes daqueles do campo. Aí, acabamos de criar uma tarefa extra na lavoura, com outros requisitos técnicos daqueles de campo.
  4. Uma muda precisa ser feita em local protegido. Desta forma, uma estrutura mínima de viveiro precisa ser construída.

Por fim, um tema muito importante é a genética. Como comentado, todas as mudas de lúpulo são clones. Ou seja, o Cascade que vende-se aqui no Brasil hoje é, na teoria, um clone daquele Cascade desenvolvido na década de 50 em Oregon-EUA.

É bastante importante ter ciência da origem genética do viveiro. Já foram introduzidos legalmente no Brasil bastante material com uma sólida origem genética, tanto dos EUA como da Alemanha. Não é uma tarefa difícil achar a oferta de plantas que tenham uma origem genética confiável, mas é uma questão pequena que vale a pena se checada antes da compra das mudas.

Isso não significa que apenas “Muda com origem genética comprovada”  (categoria burocrática de venda preconizada pela Instrução Normativa do MAPA que regulamenta venda de mudas e sementes) são mudas que são confiáveis. Na verdade, essa categoria prevista na IN 26 está mais relacionada ao comercio de cultivares protegidas por royalties, em que essa documentação te garante que foi autorizado pelo Breeder( da cultivar em assunto) à comercializar.

Todas as cultivares comercializadas no Brasil são cultivares públicas, desta forma, não há documentos dos Breeders que atestem, pois não há royalties a ser cobrado.

Uma muda comercializada como “Muda sem origem genética comprovada” (categoria burocrática também prevista na IN 26 do MAPA) é perfeitamente confiável.

O que se recomenda é que se converse com o viveirista para entender a origem do material genético dele, e estabelecer assim essa relação de confiança do comprador com o vendedor.

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