Cultivo

Nosso personagem principal – O lúpulo

O Humulus lupulus L., popularmente conhecido como lúpulo, é popularmente conhecida por sua utilização na fabricação da cerveja. Trata-se de uma espécie dioica (sexos separados), perene (produz por vários anos) e apenas as inflorescências femininas são usadas na fabricação de cerveja, eles são chamados de cones. Na cerveja o lúpulo é usado para conferir amargor, sabor, aroma e propriedades bacteriostáticas. Além da importância na indústria cervejeira, o lúpulo também é explorado pela área medicinal por possuir propriedades antibacterianas, antissépticas, ansiolíticas, sedativas, anticancerígenas, influência positiva no trato gastrointestinal e até mesmo em tratamentos experimentais contra o Alzheimer . Também é usado na indústria cosmética e alimentícia.

A produção comercial de lúpulo é focada na planta feminina, pois a masculina não apresenta os compostos de interesse em quantidades satisfatórias, portanto servindo basicamente para o melhoramento genético. Cultivares de lúpulo podem ser classificadas de várias formas, como, um grupo consistindo de variedades europeias, selecionadas naturalmente ao longo de vários séculos, chamadas de Lúpulos Nobres, e o outro grupo, de lúpulos oriundos de programas de melhoramento são denominadas de Lúpulos Modernos (. A classificação mais utilizada atualmente é com base no alfa-ácido (%) em sua utilização na produção de cerveja, portanto, classificados como os lúpulos de Amargor, Aroma e Uso Duplo..

Os principais países produtores estão localizados no hemisfério norte, devido a ocorrência natural das plantas e fatores climáticos favoráveis, como o fotoperíodo, que proporcionam as melhores condições de desenvolvimento para a cultura .

O Brasil não é um país tradicionalmente produtor de lúpulo, até pouco tempo acreditava-se que a cultura não se desenvolvia no país, pois se encontra fora da faixa de latitude considerada ideal, que fica entre 35 º e 55 º N ou S do Equador. Era difundida a ideia que para a boa produção de lúpulo eram necessários períodos de dormência e vernalização, causados pelo frio, fatos que foram cientificamente contestados . Um dos maiores problemas para a adaptação do lúpulo ao clima tropical é o fotoperíodo, quanto maior a latitude, maior é o tempo de luz ao longo do dia na época da primavera e verão. No Yakima Valley, nos EUA, a região com um dos maiores rendimentos de lúpulo no mundo, o fotoperíodo na época do crescimento vegetativo da planta se aproxima das 16 horas no verão. Em função desses parâmetros, que não foram testados no Brasil, por muito tempo acreditou-se que não era possível o cultivo de lúpulo em solos brasileiros, contudo, ações em várias localidades espalhadas pelo país, mostraram que é sim possível produzir lúpulo no país, atualmente há cerca de 50 hectares plantados no país. Outro fato propagado era que a baixa qualidade do lúpulo, muitas vezes relacionadas à problemas no processamento. Isso tem sido desmistificado com recentes avaliações que atestam a boa qualidade do material nacional. A adaptação de cultivares, aliada a qualidade, desenvolvimento tecnológico e a fome do mercado tem feito a lupulicultura nacional cada vez mais atraente.

 

Referências:

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Kostelecky T. A Guide to the Varieties of Hops and Hop Products (2009). Yakima, USA: Barth-Haas Hops Companion.

Kyrou I, Christou A, Panagiotakos D, Stefanaki C, Skenderi K, Katsana K, Tsigos C (2017) Effects of a hops (Humulus lupulus L.) dry extract supplement on self-reported depression, anxiety and stress levels in apparently healthy young adults: a randomized, placebo-controlled, double-blind, crossover pilot study. Hormones16(2):171-180.

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Martins D, Lin H, Paula C (2016) Extracts Obtained of Plants as Potential Source for Treatment of Alzheimer's Disease. Visão Acadêmica 17(2).

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